Amor aos montes – Oferendas | Mostra coletiva | Galeria Casa | Casapark

Com curadoria de Carlos Silva, a exposição que ocupa a Galeria Casa em maio apresenta ao público as obras dos artistas visuais André Ventorim, Lelo, Lynn Carone e Marcia Bandeira. Os artistas trabalham em coletivo e apresentam suas produções individuais a partir dos eixos conceituais de maternidade e fertilidade.

No dia 1º maio, a partir das 16h, a Galeria Casa abre ao público a mostra “Amor aos montes – Oferendas”, com obras dos artistas visuais André Ventorim, Lelo, Lynn Carone e Marcia Bandeira, que trabalham em coletivo e que produzem individualmente em linguagens e técnicas diferentes umas das outras. Para a exposição, o curador e diretor artístico da Galeria Casa Carlos Silva propôs aos artistas o eixo conceitual da maternidade e da fertilidade. Em cartaz até o dia 29 de maio, a mostra tem visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e no domingo, das 12h às 20h. A Galeria Casa fica no Casapark, Piso Superior, dentro da Livraria da Travessa. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. No Instagram @galeria_casa.

“Amor aos montes – Oferendas” é parte do ciclo anual de exposições da Galeria Casa. Para esta mostra, o curador Carlos Silva convidou os artistas André Ventorim, Lelo, Lynn Carone e Márcia Bandeira para ocuparem a Galeria Casa no mês de maio. “A mostra apresenta um recorte na produção desses quatro artistas. As obras indicam um contato sinestésico com o mundo, construído a partir de trocas estabelecidas ao longo das pesquisas autorais. Algo se transforma com a apreciação de uma obra artística. O espaço expositivo se configura de acordo com os sentidos atribuídos a ele e à obra nele exposta. Trata-se de uma arte do encontro, para ativar a percepção coletiva”, afirma o curador.

Carlos Silva comenta que “o eixo entre as obras se dá a partir da pesquisa de cada artista”. E continua: “Linguagens, métodos e sistemáticas se conjugam para uma proposta híbrida, integrando técnicas e conjugando-as entre si, numa amostragem ampla sobre a produção contemporânea.  O arranjo entre as obras se dá pela manutenção de um núcleo autoral na criação do objeto de arte. O vínculo de compromisso com as pesquisas de cada artista garante o processo de transformação pelo qual passa a obra de arte contemporânea. A imaginação ganha corpo a partir das formas produzidas pelos artistas. Cada obra apresenta uma e várias formas de apreciação.  A exposição faz elogio à produção em arte como princípio coletivo e homenageia as mães como marco de inscrição na existência”.

Sobre artistas e obras

Nascido em Brasília, André Ventorim é graduado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB) no ano de 2000. O interesse pelas artes surgiu na infância, com os desenhos. Seu trabalho contempla objetos de arte e instalações, desenhos, esculturas e pinturas. As obras foram exibidas em exposições coletivas em Brasília e em outros estados do país. Realizou também mostras individuais: “Borracharia”, na Galeria do Instituto de Arte Contemporânea (IAC) em Recife (PE) e “Objetos Personalizados”, na Caixa Cultural de Brasília (DF), entre outras. Trabalhou em montagens de exposições nacionais e internacionais no Brasil. Hoje é Coordenador de Logística no Centro Cultural da Câmara dos Deputados e mantém a atividade artística no seu Ateliê 14.

Em “Amor aos montes – Oferendas”, entre várias obras, André apresenta a escultura Etecetera, em madeira e pregos de ferro enferrujados moldados no formato de um círculo que remete aos “balões” de onde saem as falas dos personagens das histórias em quadrinhos. Os pregos enferrujados mostram que palavras podem envelhecer, mas, uma vez ditas, podem nunca ser esquecidas. O personagem estende a mão oferecendo suas palavras para quem quiser ouvir. Já em “Objeto leve 2”, tijolo de barro com pena de pássaro, placa de acrílico e plotter adesivo. a matéria pesada do tijolo é esculpida e retirada, deixando à mostra sua “alma” leve – retratada pela pena. A obra espelha o contraste entre o pesado e o leve. Ou, ainda, a palavra LEVE escrita na frente insere uma dúvida: “a obra é leve” ou “a obra deve ser levada”?

Lelo é carioca, mas vive em Brasília desde a juventude. Teve como referência artística a família paterna, que sempre esteve envolvida com arte e restauração. Descobriu o desenho e depois a pintura como representação do seu pensar. A fotografia também impulsionou a realização dos processos em que a figura humana se firmou em seu trabalho. Tem formação em Artes Plásticas e atuou em cursos, escolas e oficinas de Brasília como professor de desenho e pintura. Criou o espaço Ateliê 27 onde coexistem distintas linguagens de Arte e Filosofia e onde se realizam oficinas e cursos variados.

Para o artista, o trabalho em coletivo artístico se dá pela identificação da vontade de partilhar obras, ideias de forma livre, respeitando as produções individuais e com diferentes linguagens. A estrutura do trabalho que o artista apresenta na mostra “Amor aos montes – Oferendas” é “um desdobramento, resultado de fotografias tiradas em manifestações populares pelo interior do Brasil”, diz. “Não satisfeito com o resultado apenas da fotografia como expressão, busquei transmitir também com desenho, pinturas e textos, os sentidos captados pelas imagens”.

Em “Monóculos”, uma série de pinturas em tinta acrílica e fotografia sobre base sólida, Lelo levanta questões a respeito do sistema da arte. “Trata da concorrência no quesito “visibilidade no Universo Contemporâneo”, em que a humanidade tem sido diminuída. As pessoas retratadas nas obras me trouxeram a percepção do quanto uma grande parte da sociedade caminha em direção a invisibilidade. Como falar do invisível? O monóculo reduz o enxergar para apenas um olho, e apenas para quem deseja ver”.

Lynn Carone nasceu em Los Angeles (EUA), formou-se como artista na FAAP (SP), 1988, e atualmente vive em Brasília. Lecionou Artes e é mestranda em Arte e Tecnologia na Universidade de Brasília (UnB). Sua pesquisa artística envolve práticas de site specific, fotografia, vídeo instalações, objeto e gravura. Fizeram parte de sua formação artistas renomados como Carlos Fajardo, Edith Derdyk, Nuno Ramos, Carmela Gross, Evandro Carlos Jardim, Suzette Venturelli, Denise Camargo. Participou de exposições internacionais como “Fish eye”/ Cardiff, o seminário Internacional de arte e Natureza/USP, Panoramas, Valência/Espanha e Link2021 art&design em Auckland/New Zeland, IX Cinabeh, e de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil como Paço das Artes/SP, MAC de Curitiba e de Campinas, MARP de Ribeirão Preto, Sesc Amapá e Pinheiros/SP Casa de Cultura da América Latina(CAO), Brasília, entre outros.Dois de seus trabalhos foram adquiridos pelos acervos da Pinacoteca de São Paulo e Galeria Dez de Brasília.

O trabalho apresentado na mostra “Amor aos montes – Oferendas” é composto por imagens em fotografia digital da série Ofertório e Corpo bicho. São trabalhos impressos em fine Art. As imagens são dispostas em diferentes suportes, como caixas de acrílico, pequenos pratos de prata e molduras antigas e três mesas antigas com tampo de acrílico e imagem, transformadas em objetos. Propõe-se reflexões acerca da nossa complexa relação com a natureza, o que se recebe, o que se doa e os ciclos de vida e morte. A artista afirma que “no processo de criação tem sido importante solidificar uma abertura para a troca e a recepção para o olhar e a leitura do outro, como uma abertura para diversas janelas de possibilidades.  Participo de diversos coletivos e esse caminhar em parceria tem sido parte da minha jornada como artista”.

Marcia Bandeira é carioca e há 22 anos mora em Brasília. Artista plástica, designer gráfica e ilustradora, facilitadora certificada do Método I.am.I de Pintura Espontânea, especialista em Psicologia Transpessoal, especialista em Artes Plásticas e especialista em Design Gráfico. Ministra cursos regulares e aprofunda suas pesquisas nos caminhos da Psicologia Transpessoal e Junguiana, dos sonhos, colagens manuais e da Pintura Espontânea.

Para a mostra na Galeria Casa, a artista desenvolveu seus trabalhos individualmente, mas sincronicamente com os artistas que participam da exposição, e que “se relacionam por teias invisíveis criando novos e inesperados significados”, afirma a artista. “A meu ver, a obra artística é uma maneira de devolver a alma de volta ao mundo. Cada um dos artistas tem uma visão particular do que seja oferecer, mas percebem esse eixo como importante em suas pesquisas. Por esse motivo, o grupo propôs para essa exposição o tema Oferenda. A partir desse conceito comum, desenvolvi, especialmente para a exposição, a obra Iemanjá, com conchas e fósseis marinhos encontrados em uma praia do nordeste brasileiro e transformados em peças mágicas de um oráculo luminoso”, completa.

 Sobre o curador

Carlos Silva nasceu em 1963 em Barretos (SP). Vive e trabalha em Brasília desde 1982. Atua como artista visual, historiador, mestre em arte, especialista em psicologia e educação, professor, curador independente, crítico, coordenador de cursos livres e programas educativos em artes visuais, diretor de galeria, consultor, diretor de criação. Foi membro do Conselho de Cultura do DF e professor do Departamento de Artes da UnB. Como curador e assistente, assinou “suspensões”, “a seco”, “fora do lugar” e “100 anos de Athos Bulcão”. Participa de exposições individuais e coletivas. Atua na interface entre arte, história, literatura, psicanálise e filosofia. Publica textos técnicos e poéticos com frequência.